Sebrae amplia apoio às micro e pequenas indústrias no estado

24.05.2025
pequenas industrias

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Por Hieros Vasconcelos

No próximo domingo, 25 de maio, celebra-se o Dia da Indústria — uma data simbólica que convida à reflexão sobre os rumos da produção nacional e, em particular, sobre o papel silencioso, mas vital, das micro e pequenas indústrias. De acordo com o Sebrae, na Bahia, elas representam nada menos que 94% do parque industrial ativo, somando mais de 23 mil empreendimentos distribuídos por todo o estado. São empresas de pequeno porte, muitas vezes familiares, que enfrentam diariamente uma realidade marcada por obstáculos estruturais, mas que resistem, se reinventam e sustentam boa parte da geração de empregos e da economia local.

“Essa é uma data importante para reconhecer a relevância do setor produtivo na geração de emprego, inovação e desenvolvimento econômico do Brasil e, especialmente, da Bahia. Para as pequenas indústrias, esse reconhecimento é ainda mais essencial diante dos desafios impostos pela atual estabilidade econômica”, afirma Tércio Calmon, coordenador de Indústria do Sebrae Bahia. Com olhar atento às especificidades regionais, ele destaca que a data deve servir para dar visibilidade às dificuldades e potencialidades do setor que, embora fundamental, ainda carece de suporte estruturado e contínuo.

“É importante a gente falar que, apesar de termos grandes indústrias na Bahia e no Brasil, mais de 90% das indústrias baianas são de micro e pequeno porte. Ou seja, são indústrias com menos de 99 funcionários. São essas que estão nos bairros, que estão empregando a comunidade local, gerando renda, transformando o território”, pontua Tércio. A afirmação reforça o papel estratégico dessas empresas na dinâmica econômica local, mesmo que elas nem sempre estejam sob os holofotes das políticas públicas e dos programas de fomento à inovação.

“E o Sebrae está aqui para apoiar esse pequeno negócio industrial, esse pequeno negócio produtivo. Seja no desenvolvimento de soluções para sua produtividade, na melhoria da sua competitividade, na digitalização, no marketing, ou até mesmo no acesso a crédito”, reforça o coordenador. A diversidade de serviços prestados pelo Sebrae é uma resposta direta à complexidade dos desafios enfrentados por essas empresas, que vão desde a burocracia e os altos custos operacionais até a dificuldade em acessar mercados e incorporar inovação.

Uma das estratégias mais eficazes do Sebrae tem sido o trabalho por meio de projetos setoriais. “São projetos que desenvolvem ações específicas para cada setor da indústria — setor de alimentos, setor de móveis, de construção civil, de moda, entre outros. E esses projetos buscam ajudar essas empresas com soluções de acesso a mercado, de gestão, de acesso a crédito, de sustentabilidade, de digitalização”, explica Tércio. O modelo permite personalizar as soluções conforme as dores e demandas de cada segmento, promovendo uma atuação mais eficaz e resolutiva.

Destaque especial vai para o Sebrae Tech, uma iniciativa voltada para a implementação de tecnologias produtivas e soluções de inovação com foco no aumento de produtividade. “O Sebrae Tech, por exemplo, é uma forma de a gente subsidiar — até 70% — a contratação de uma consultoria de inovação e tecnologia. E com isso, a pequena empresa pode implementar um sensor para monitorar uma variável no seu processo produtivo. Ela pode digitalizar um processo. Ela pode fazer uma consultoria de IoT. E começar a ter o controle e o monitoramento do seu processo por meio de um dashboard, por meio de um aplicativo”, detalha o coordenador. É a entrada concreta das pequenas indústrias baianas na lógica da Indústria 4.0.

A capacitação também se revela um dos pilares da atuação do Sebrae. “Nós temos ainda uma grande frente de qualificação para a área de gestão — gestão financeira, gestão de marketing, gestão de pessoas, gestão de ESG. ESG é uma pauta muito atual. E é basicamente a sustentabilidade do negócio. Ambiental, social e de governança. Então, é possível a gente transformar essa pauta que antes era acessível só às grandes empresas, agora também para o pequeno negócio”, diz Tércio, enfatizando que o conceito de sustentabilidade empresarial precisa estar presente desde a base produtiva.

Outro ponto-chave é a questão do acesso ao crédito. Em um ambiente marcado por restrições e juros altos, as pequenas indústrias frequentemente encontram dificuldades para financiar investimentos, capital de giro e modernização. “A gente tem trabalhado também com acesso a crédito. Aproximando os bancos de fomento das pequenas indústrias, ajudando elas a entenderem melhor qual é a linha mais adequada e como acessar esse recurso da melhor forma possível”, diz ele, ressaltando que a falta de informação é um dos grandes entraves à bancarização plena desses empreendedores.

Mas talvez uma das estratégias mais poderosas seja o encadeamento produtivo, que visa aproximar as pequenas empresas das grandes corporações, promovendo uma relação sustentável de fornecimento. “Um outro trabalho que a gente faz é o encadeamento produtivo, que é quando a gente conecta os pequenos negócios aos grandes compradores. Essas grandes empresas compram muito de pequenos negócios. E é possível organizar esses pequenos negócios para serem fornecedores dessas grandes empresas, fortalecendo toda a cadeia”, afirma Tércio.

Ele explica que essa organização se dá por meio de processos de qualificação, certificação e padronização, preparando as empresas para atender aos critérios técnicos e comerciais exigidos pelos grandes players.

“Isso pode ser feito em diversos formatos. Seja com empresas que contratam outras empresas para construir sua planta industrial. Ou empresas que compram alimentos, ou uniformes, ou equipamentos, ou móveis, ou serviços de manutenção. Toda essa cadeia pode ser fortalecida com os pequenos negócios. O Sebrae ajuda na qualificação, na organização e até mesmo na realização de rodadas de negócios com essas grandes empresas, aproximando e fazendo essas conexões”, detalha.

A digitalização também entra nessa equação como uma ponte para mercados mais amplos. “Temos trabalhado com empresas dos setores de moda, alimentos e móveis, por exemplo, para inserir seus produtos em canais digitais e plataformas de negócios. Isso tem sido essencial para gerar novas oportunidades e diversificar os canais de comercialização”, aponta.

Os resultados do esforço coletivo já começam a ser sentidos. De acordo com o Novo Caged, a Bahia criou mais de 84 mil empregos com carteira assinada em 2024. E uma parcela significativa dessas vagas teve origem justamente nos pequenos negócios industriais — um dado que reforça a importância estratégica do segmento para o crescimento sustentável do estado.

“O que vemos hoje é uma necessidade urgente de reconhecer e valorizar a micro e pequena indústria como eixo estruturante da economia baiana. Ao investir nessas empresas, o Sebrae contribui para um modelo de crescimento mais descentralizado, competitivo e inclusivo. Nossa missão é seguir ampliando essas pontes e fortalecendo esse ecossistema”, conclui Tércio Calmon.

 

Fonte: Tribuna da Bahia

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